sexta-feira, 22 de julho de 2011

MARATONA RIO – 18/07/11

Após uma dura semana repleta de duelos entre o Tico e o Teco (meus 2 neurônios)...

Enquanto o Teco (o mais preguiçoso, pessimista, mau-humorado) lutava com todas as forças para que eu matasse algum treino e até cogitava a possibilidade de mudar de esporte (rs...), o Tico (otimista, determinado, focado, perfeccionista, hiper-ativo, sorridente, seguro de si) se esforçava para definir uma estratégia para derrubar todo e qualquer argumento levantado pelo Teco!

Como um bom conhecedor da “Arte da Guerra” na cabeça da Aninha,  o Tico superou os desafios, as dificuldades e... SIM!!! Embarcamos para o Rio... Com o objetivo de correr a Maratona no domingo!

Acordamos no sábado as 5:00 da manhã pois o vôo era cedo. Ao chegar, fomos para o hotel deixar as mochilas e, em seguida, retirar os kits... No final da tarde, rolou uma corridinha de uns 7km só para dar uma ativada no coração, no metabolismo e soltar “los gambitos”!

Estava despretenciosa, tranqüila... Pronta para encarar um treino “longão” de corrida... Até ouvir: “Escuta... Você sabe que tem obrigação de melhorar seu tempo em relação a maratona do Ironman, né? Se vira!!! É obrigação!!! Vc vai correr... Não tem q nadar e nem pedalar antes!!!”

Imediatamente, eu pensei: “Como assim?” Mais uma vez, o Teco entrava em ação tentando convencer o Tico de que eu não seria capaz ou que estava cansada demais para pensar em performance!

Em contrapartida, o Tico incorporou o “Agora sua casa caiu!! Vai ter q se virar!! Não terá que nadar 3800m e nem pedalar 180km antes... Apenas correr! Muito simples! Por que o medo??”Affffff....

Não sei... Mas, larguei com medo! Muito medo!

Medo de não agüentar...
Medo de quebrar...

Porém... FUI!!!
Obviamente, com muito respeito... “Ouvindo” e prestando atenção nos sinais do meu corpo!



                                                        Foto Adriano Ribeiro Ramos
Foto Adriano Ribeiro Ramos

É impressionante as sensações... Altos e baixos... Pensamentos... E como somos capazes de manipular, enganar ou simplesmente fazer com que o Tico e o Teco entrem num acordo!

Correr... Pensar... Correr... Pensar... Correr... Pensar...

Putz!! Como adooooooooro correr!!!
Enquanto corria... comecei a viajar... O que não é novidade!!! (rs...)

A cabeça é tudo! Te leva do céu ao inferno e vice-versa!

Encaixei o ritmo e fui...Concentrada... Sentindo cada passada, escutando minha respiração, tentando melhorar a posição dos braços... Correr é demais!

Quando se consegue entrar na sintonia, focar na técnica e “dançar conforme a música” (sim, p/ mim correr é como uma dança... onde tudo tem q estar em harmonia, encaixado), concentrar... Atingimos um estado... hummm... Não sei ao certo explicar que estado é esse... Talvez, um estado espiritual elevado... Alfa? Beta? Gama? (rs) Talvez... Mas, existe um fato: neste momento, enxergamos e sentimos as coisas de forma diferente.

Vocês vão achar que sou “doidinha”, né? Rsrs... Pode ser que realmente o seja! Hehehe!

Nos primeiros 10 kms, tive momentos de êxtase, euforia (tipo: “como estou bem”) e também de insegurança, desconforto e dor (tipo: “não cheguei nem no 7º km e minha panturrilha já está doendo?L Que droga!!!”).

Mas, como disse anteriormente, a cabeça direcionava como encarar a situação e o que fazer naqueles momentos, de acordo com o estado do corpo... Como lidar com estas percepções distintas... Altos e baixos!

O Tico e o Teco são capazes de “se enganar”... Enganar a fadiga... Enganar o cansaço... Enganar que o percurso está terminando... Enganar que a cada km, vc irá se sentir melhor e não mais cansado! Além disso, também são capazes de “puxar o freio de mão” e falar: “Oaps!! Segura sua onda aí! Vc ainda tem muitos e muitos kms pela frente! Não adianta acelerar agora que está bem... Vc irá pagar após o km 36!”

Passei pelo km 10 mais forte que o programado: 44’... Na hora, me veio a mente “será que vou agüentar segurar esse ritmo?” Bom, estava consciente que,  naquela hora, estava administrável. Se a situação ficasse feia para o meu lado, conseguiria diminuir o ritmo, e não quebrar!

Fui... Fui... Fui... Km por km... Passada por passada...

E... Cheguei no km 21, também mais rápido que o previsto – a idéia era correr a primeira metade da prova em 1h40’ -  e, quando olhei para o relógio, estava marcando 1h34’!

Meeeeeeeeedo!!!
Meeeeeeeeedo de quebrar!!!

Mas... A frase que me manteve firme e forte... rs... que não saía da minha mente era:

“Vc tem a obrigação de correr esta maratona melhor que a maratona do Ironman Brasil! Obrigação!! Se vira!!”

E... Assim... Fui!

Apesar de não acreditar tanto assim em mim mesma... Fui... Quem me acompanha “um cadinho” sabe que nunca acho que realmente estou bem! Correr os 42km p/ baixo de 3h20’? Nossa! Para mim era algo muito distante... Engraçado!

Até o km 30, a marcação do GPS estava batendo exatamente com a da prova! A partir do km 31, começou a surgir uma diferença... uma diferença que pesava nas pernas!  O meu relógio vibrava e as placas não chegavam!

Os últimos kms ficaram looooooongos... Minhas pernas já estavam doloridas e pesadas... Minhas panturrilhas gritavam... O ritmo caiu... A técnica piorou... Mas, continuava focada, buscando dar o meu melhor... O meu melhor naquele momento!

Fui... Fui... Fui...

E... Chegueeeeiiii!!!!

Dentro do meu objetivo... Cumprindo minha “obrigação”!!!

O GPS marcou 43,7km... 3h19´... Pace: 4’35/km. ;^)

Uaaaaauuuu!!! Yuuuupiiiii!!! Adorei!!! Fiquei muito feliz!!!

Mas, se realmente tinha “apenas” 42km... Ah! Tudo bem!! Também fiquei feliz(“um cadinho” menos)!!  Hehehe!!!

Para mim.... Este resultado só comprova que a evolução no esporte, na corrida não tem segredo!! É extremamente justa: diretamente proporcional ao esforço, ao volume e qualidade dos treinos... Treinar! Treinar! Treinar! Ano após ano... Com sequência... Continuidade... Como uma escada... Degrau por degrau...

Só depende de você!!

Obrigada a todos...

Torcida... Carinho... Gritos de incentivo... Parceria de outros corredores/triathletas/ ironmans durante a prova... Fotinhos... Staff... Etc... Etc.. Etc...

E... um obrigada especial para meu “mano” de treino... de vida... que acredita muito mais em mim do que eu mesma... que me incentiva... me apóia... me dá bronca... e está me fazendo crescer como pessoa e como atleta.

Para quem nunca fez esta prova, super recomendo!!!

Obrigada pela paciência de leitura da minha “novela mexicana”.... Affffff!!!

Bom final de semana!

Bons treinos!


TRI-Bjocas,

Aninha!

Obs. Ah! Já ia me esquecendo... Para finalizar, voltei correndo para o hotel... +- 3km! Então, fechei o domingo com uns 46km de corrida!!! Hehehehe!!!



quarta-feira, 13 de julho de 2011

Diário até Kona #1

Quando a equipe do Mundo Tri me convidou para dar continuidade ao Diário até Kona, imediatamente me veio a mente “Vixi! Será que os leitores já não estão cansados de ler meu blá-blá-bla?”

Me disseram que não…

De qualquer forma, cá estou! Aceitei o convite (obrigada pela oportunidade!) e prometo tentar ser mais objetiva nos meus relatos e duelos entre o Tico e o Teço (para quem não acompanhou os relatos até Florianópolis e não os conhece, são meus dois neurônios… Até Kona, vocês presenciarão muitas discussões entre eles; ficarão praticamente íntimos destes dois personagens que fazem parte do meu dia-a-dia).

Vou fazer uma breve descrição da atleta 1908, a Aninha… Que largou no dia 29/05/2011 no Ironman Brasil, como a maior parte dos 1800 inscritos, em busca da realização de um sonho.

A Aninha, no primeiro semestre, desejou, desejou, desejou, desejou e desejou. Desejou demais chegar onde chegou. Literalmente, nadou, pedalou e correu atrás do seu sonho: voltar a largar na “Meca”dos Ironman, onde tudo começou.

DSC6033 Diário até Kona #1: Rafael Brandão e Ana Oliva
Foto: Wagner Araújo
Sonho, desejo, foco, determinação, persistência, superação, abdicação, treino, treino, treino, treino, e mais treino… Somados a uma evolução como pessoa e como atleta em função dos treinos e espírito Ironman, aliados a sorte… Sorte por acordar bem e disposta no dia 29 de maio e por ter conseguido realizar uma excelente prova, sem grandes surpresas desagradáveis (as conhecidas variáveis incontroláveis, como por exemplo, problemas mecânicos com a bike ou algum pneu furado)… Levaram a Aninha a conquista da tão sonhada vaga. O resultado foi apenas uma consequência.

A tendência natural do ser humano, conscientemente ou não, ao se conquistar um objetivo, é “relaxar”. Mas, para mim, a conquista de um sonho me faz continuar sonhando… Desejando… Buscando superação, evolução, auto-conhecimento, crescimento. Sempre temos muito a aprender, muito a melhorar.

A partir do momento que conquistei a vaga para o Mundial, minha responsabilidade aumentou, meu “piano nas costas ficou mais pesado”. O que quero dizer com isso? Muito simples: preciso e vou fazer por merecer! Ter a oportunidade de voltar para a Big Island é algo único, mágico, indescritível. É muita emoção!

A realização de uma boa prova em Florianópolis não significa nada se eu não der continuidade aos meus treinos, a minha dedicação. Sucesso passado, não garante sucesso futuro. Sem contar que o Hawaii é o Hawaii. As condições de prova são extremamente difíceis, cruéis. O fato de ter realizado a prova no ano passado, apenas me deixa um pouquinho – mas bem pouquinho mesmo – mais experiente. Posso dizer apenas que conheci o percurso e experimentei algumas das difíceis condições climáticas e de prova. Mas, estou muito longe de me conhecer, de conhecer meus limites. O MEDO permanece! Sim, continuo morrendo de medo do Ironman do Hawai.

Ironman é Ironman…

Ironman no Hawaii é Ironman no Hawaii… Outra prova!!

Tenho MEDO…

Mas este MEDO é BOM…

É BOM porque RESPEITO…

RESPEITO demais a prova…

E isso é ÓTIMO…

MEDO… RESPEITO…. significam:

TREINAR! TREINAR! TREINAR! TREINAR! TREINAR e… CONTINUAR TREINANDO!

Com certeza, no dia 08 de outubro, estarei alinhada, segurando na prancha de algum dos surfistas, tentando não me afogar, esperando o tiro do canhão, pronta para fazer o meu melhor, para superar os limites do corpo, da mente, da dor, na busca incessante de algo muito maior… Algo que vai muito alem de simplesmente nadar, pedalar e correr!

É espiritual… Mental… Sou eu comigo mesma… E o mais legal disso tudo… Como diria meu mestre: “só depende de você!”

Mahalo! Boa semana! Bons treinos!

TRI-Bjocas,

Aninha!
@oliva_aninha

Publicado também na MundoTri

terça-feira, 12 de julho de 2011

Final de semana historico....

Chrissie... 8h18'... Minha "idala"! Essa mulher eh Ph... UAaaaauuuu!!! Sem palavras...

Andreas... 7h41'... Irmaos Raelert... Treinar na parceria de irmaos... Seja de sangue, de treinos, de vida... Eh simplesmente espetacular! Um privilegio... E, pelo visto, funciona! Hehehe! Brincadeira... Treinar eh o q importa! Mas, com certeza, a motivacao de poder contar com alguem especial durante as hs e mais hs dedicadas aos treinos, eh especial!

Aninha... Euzinha... Rsrs... Dentro da minha realidade... Minhas limitacoes... Atingi uma marca historica... No que diz respeito a minha vida esportiva... Obviamente, nada comparado a conquista destes dois grandes nomes do triathlon; mas para mim... Ficarah na memoria!

Reeeeecord de corrida na semama!!!

Nunca imaginei q pudesse... Q fosse capaz... Q aguentasse... Q nao quebrasse... Na verdade, quebrei!! Hehehe!! O ultimo treino, de domingo, foi ph... Sofri demais, mas completei os 21km q tinha me proposto a fazer... E fechei a semano com...

103 km de corrida!!!

Yuuuuupiiiiii!!!


Mais uma evidencia de que tudo eh uma questao de condicionamento...treino!


Soh depende de vc!

;-)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Custos de oportunidade, investimentos...

Em um dos meus posts na coluna Diário até o Ironman do site http://www.mundotri.com.br/ fiz uma analogia entre economia e os treinos... Ressaltando o quanto nossas decisões diárias sao importantes e quanto nos "custam"! Um trechinho para relembrar:

Desejo… Objetivo… Foco... Determinação… Persistência… Abdicação!

Infelizmente não dá para fazer tudo na vida, principalmente quando se leva a sério as coisas que se propõe a fazer.

Estou correndo atrás de um sonho. Difícil? Sim. Impossível? Não!

Mas para poder chegar mais perto deste sonho, para tentar visualizá-lo, eu preciso trabalhar muito:

Trabalhar o corpo...
Trabalhar a mente...
Trabalhar as abdicações...
Trabalhar o desapego...
Trabalhar os custos de oportunidade!

Pois bem... Nesta semana, o triatleta Gui Manocchio, primeiro brasileiro a chegar no Ironman Brasil, 2º geral,  fez um post magistral, falando sobre como investimos nos treinos em busca de retorno, também numa analogia muito legal entre finanças e esporte. Sensacional o que ele escreveu! Principalmente porque ele é uma pessoa que “investiu” muito para chegar onde está. E, fera como é, está colhendo muitos resultados!
Mais do que merecido...
O blog dele vale a visita!

Tri-bjocas,

Aninha!